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Introdução

Em relatório publicado pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, em parceria com a Friends of the Earth, em maio de 2022, investiga- mos tendências recentes da agroindústria da soja no Brasil. Esta pesquisa demonstrou que desde meados de 2021 houve uma acelerada subida es- peculativa nos preços das commodities nos mer- cados de futuro internacionais, após a reabertura econômica de diversos países que estabeleceram restrições em 2020 para conter a pandemia de Co- vid-191.

O aumento do preço das commodities nos mercados internacionais influencia a expansão do monocultivo da soja no Brasil e no mundo. Nos últimos 20 anos, a região do MATOPIBA (fronteira do Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) tem sido o principal foco dessa ex- pansão. A especulação com o preço da terra agrí- cola nesta região fomenta este processo, no qual a terra passa a funcionar como ativo financeiro de empresas imobiliárias e como mecanismo de rola- gem de dívidas de empresas do agronegócio.

Pesquisas da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos2 demonstram como funciona a especu- lação com terras por empresas imobiliárias agríco- las ligadas a fundos financeiros internacionais. No sul do Piauí, foco deste relatório, as pesquisas des- crevem a atuação de empresas do agronegócio no Brasil, como a Radar Propriedades Agrícolas S.A./ Tellus, Insolo Agroindustrial e a SLC Agrícola e SLC LandCo, e suas relações com a trading company Bunge e com corporações financeiras transnacio- nais como o fundo de pensão estadunidense TIAA,

a Universidade de Harvard e o fundo de investi- mento Valiance Asset Management, do Reino Uni- do. A atuação destas empresas estimula processos de grilagem de terras, desmatamentos, violência contra comunidades rurais e poluição da terra e das águas por agrotóxicos, entre outros impactos socioambientais.

O papel do capital financeiro na especulação com terras agrícolas não se limita à participação de fundos de investimento, de fundos hedge e de fundos de pensão internacionais, já que este capi- tal está presente em todos os elos da cadeia pro- dutiva da soja. Isto também ocorre em relação a empresas de comercialização (trading companies), como é o caso da Bunge, que tem uma planta es- magadora em Uruçuí, no sul do Piauí, e pratica- mente detém monopólio sobre a comercialização da soja na região.

Desta forma, a Bunge fomenta a expansão do monocultivo de soja e seus impactos, interme- diando toda a cadeia produtiva por meio de capital a juros. Por exemplo, agricultores utilizam créditos e geram endividamento para adquirir insumos químicos produzidos pela Bunge e entregam sua produção para a empresa como forma de pagar tais financiamentos. A própria Bunge se financia por meio de endividamento e estabelece preços de compra e venda da soja e de seus subprodutos a partir dos preços de futuro nos mercados inter- nacionais de derivativos. Este tipo de mecanismo influencia a expansão territorial do monocultivo da soja, causando queimadas, desmatamentos e grilagem de terras.

Relatório em PDF