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Brasilagro possui mais de 300 mil hectares no Cerrado “em desconformidade com a lei”, diz Incra — beneficiados vão de ruralistas argentinos a Banco de Nova York

 

Quem acompanha o noticiário lê, com frequência, sobre falta de interesse e medo de investidores estrangeiros apostarem no Brasil sob Bolsonaro. Operações do próprio mercado financeiro revelam um lado B nessa narrativa, como no último dia 24 de janeiro, quando a XP Investimentos juntou-se ao banco BTG Pactual para uma parceria que resultou numa operação milionária com uma expoente do agronegócio no país, a Brasilagro. 

Juntas, as matrizes dos dois bancos e suas filiais nos Estados Unidos venderiam o equivalente a mais de R$ 670 milhões em ações de uma “das maiores empresas brasileiras em quantidade de terras agricultáveis” do país. Tanto o BTG quanto a XP venderiam os papéis sob uma condição: o que não fosse comprado por terceiros seria adquirido por ambos.

O problema é que o governo investiga a Brasilagro por suspeita de aquisições ilegais de terras desde 2016. Para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a companhia é suspeita de atuar “em desconformidade com a lei”, driblando limites impostos nas vendas de terras a estrangeiros. 

Ao contrário do que o nome da empresa sugere, documentos obtidos pela Pública indicam que são investidores argentinos e norte-americanos que conduzem a Brasilagro.

Com acesso a um conjunto de documentos oficiais, a reportagem identificou compras desse grupo estrangeiro na Bahia, no Maranhão e no Piauí – todas “sem autorização do Incra ou do Congresso Nacional”, em desconformidade com a lei. Atualmente, há uma série de restrições, como limites de áreas que podem ser adquiridas e a exigência de autorização prévia do governo para a venda de terras a estrangeiros.

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